Retrato de Nicolau Maquiavel
Foto: Wikimedia Commons
Publicado originalmente no site da revista GALILEU, em 3 de maio de 2020
5 pontos para entender o pensamento de Maquiavel
O filósofo italiano Nicolau Maquiavel revolucionou o
pensamento da ciência política ao buscar entendê-la como realmente é
Por Marília Marasciulo
Nascido em Florença no dia 3 de maio de 1469, o filósofo
Nicolau Maquiavel ficou conhecido principalmente por descrever as dinâmicas do
poder. Em vez de formular teorias sobre como o estado ou o governante ideal
deveria ser, dedicou-se a dissecar a realidade. Ao fazê-lo, há quem diga que
criou um manual com estratégias e métodos sobre como os governantes deveriam se
comportar para manter e expandir o poder. Mas há também quem considere que ele,
na realidade, alertou o povo sobre os perigos da tirania.
Atualmente, o mais aceito é que as reflexões de Maquiavel
formaram as bases do pensamento realista da ciência política moderna, e a
imoralidade atribuída a elas na verdade provém de uma interpretação
descontextualizada. Mesmo assim, o termo “maquiavélico” se tornou um adjetivo
usado para qualificar pessoas sem escrúpulos, traiçoeiras e sem respeito pelas
leis morais.
Entenda melhor o pensamento de Maquiavel em 5 pontos:
1. Os fins justificam os meios
À primeira vista, a frase erroneamente atribuída a Maquiavel
(ela não aparece em O Príncipe e em nenhum outro texto do filósofo) é a que
melhor parece resumir seus pensamentos. Afinal, em sua obra mais conhecida o
filósofo dissecou a política sem escrúpulos, mostrando que o que a move é a
luta pela conquista e manutenção do poder. Não importa se para isso for
necessário romper com valores morais impostos pela Igreja e pela sociedade, que
não deveriam restringir a ação do rei ou do governante.
O que ele defendida, na realidade, é que na política a ética
é utilitária e a moralidade deveria ser medida com base em atos que sejam úteis
à coletividade, mesmo que com isso acabe ferindo valores individuais.
2. Virtude é mais importante que sorte
Um dos pontos mais centrais do pensamento de Maquiavel é a
dicotomia entre virtude e sorte, ou “fortuna”. Um príncipe, ou governante,
virtuoso é aquele que não necessariamente é pérfido, mas sabe conquistar seus
favores para manter o poder e expandir o domínio sem depender do acaso. Na
visão o filósofo, ser virtuoso é saber o momento certo de agir e de não fazer
nada, sem deixar margem para a fortuna. Algumas interpretações enxergaram isso
como ser diabólico ou ardiloso.
3. Crueldade bem usada
Sobrepor a virtude à sorte pode significar também ter
sabedoria para ser mau quando necessário: Maquiavel defendia que, para salvar o
Estado, um governante deveria saber “não ser bom”, mentindo ou parecendo
piedoso se a situação exigisse, de modo a manter a segurança e o bem-estar de
seu povo. A crueldade, nesses casos, seria justificável e bem usada.
4. É preferível ser temido que amado
O amor é um sentimento inconstante, visto que as pessoas são
naturalmente egoístas e podem alterar sua lealdade quando bem entenderem — ou,
nas palavras do próprio Maquiavel, o amor é mantido por vínculos de gratidão
que se rompem quando deixam de ser necessários. Já o temor em ser castigado não
pode ser ignorado com tanta facilidade e, portanto, não falha.
5. Razão de Estado
Todas as observações de Maquiavel tinham, no fundo, a
intenção de mostrar que o objetivo da política era manter a estabilidade social
e do governo a todo custo. Cabe lembrar que o contexto em que vivia era de
guerras e disputas, em uma Itália fragmentada e com o poder muito ditado pela
Igreja.
Texto e imagem reproduzidos do site: revistagalileu.globo.com
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