Publicado em 16 de abr de 2013.
Playlist: História, Brasilidade e Filosofia.
A vida e a obra de Florestan Fernandes (São Paulo, 22 de
julho de 1920 — São Paulo, 10 de agosto de 1995) - engraxate, garçom,
professor, deputado e constituinte -, são retratadas no documentário
"Florestan Fernandes -- O Mestre", dirigido por Roberto Stefanelli,
galardoado em 2004 com o prêmio 'Vladimir Herzog', a mais importante premiação
jornalística da área de direitos humanos do Brasil.
"Para o professor Antônio Cândido ele foi o único
grande homem de sua geração; o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fala do
amigo com a reverência de um filho para um pai, inclusive nas discordâncias; os
ministros José Dirceu e Luiz Gushiken lembram do político como dois discípulos
de sua conduta, acrescida de uma dose de pragmatismo; o ex-ministro Jarbas
Passarinho sustenta que discordavam ideologicamente, mas os unia a afinidade
intelectual; a professora Mirian Limoeiro sustenta que ele fez da sociologia
uma ciência; o deputado Ivan Valente fala do marxista aberto a todas as
discussões; seu filho, Florestan Fernandes Júnior, lembra do eterno otimista.
Todos estão juntos no documentário.
Durante 50 minutos são percorridos os caminhos mais duros da
sua infância do Brás, por onde andou carregando sua caixa de engraxate em direção
ao centro histórico e às portas dos grandes cinemas, ou subindo o morro dos
Ingleses, para entregar ternos nas mansões da burguesia paulista. Trabalhava
como garçom quando, aos 17 anos, resolveu cursar o que na época era chamado
madureza, hoje supletivo, para despontar depois na primeira geração de
professores brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) e ser considerado o
maior sociólogo brasileiro, uma referência internacional na sociologia.
Eleito duas vezes pelo PT, era um ícone na Câmara dos
Deputados, sempre tratado de professor. Foi aluno de Roger Bastide e Claude
Lévi-Strauss, professor de Fernando Henrique Cardoso e Otávio Ianni, colega de
Antônio Cândido e Hermíno Sachetta, com que trilhou o trotskismo.
Suas primeiras grandes obras, das mais de 50 que publicou,
foram sobre a sociedade dos índios Tupinambá, tribos da faixa litorânea
praticamente extintos desde o século XVII. Elas se tornaram uma referência para
a sociologia em geral e para sua vida em particular. Sobre sua formação escreveu:
"...descobri que o 'grande homem' não é o que se impõe aos outros de cima
para baixo, ou através da história; é o homem que estende a mão aos semelhantes
e engole a própria amargura para compartilhar a sua condição humana com os
outros, dando-se a si próprio, como fariam os meus tupinambá".
Florestan Fernandes morreu aos 75 anos, em 10 de agosto de
1995, vítima de dois erros médicos no Brasil".
Documentário disponibilizado pela TV Câmara e aqui
reproduzido de acordo com os termos de uso da referida emissora.
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